Se você está começando a investir, provavelmente esbarrou na dúvida: poupança ou Tesouro Selic? Ambos parecem seguros e simples, mas têm diferenças importantes em rentabilidade, liquidez e custos. Neste guia direto ao ponto, você vai entender quando cada um faz sentido — e como decidir com segurança.
O que é cada um (sem jargão)
Poupança
- Conta de depósito remunerada do banco.
- Liquidez imediata (você saca a qualquer hora).
- Rendimento segue regra própria da poupança, podendo ficar abaixo de alternativas simples.
Tesouro Selic (LFT)
- Título público atrelado à taxa Selic.
- Baixo risco (lastro do Tesouro Nacional).
- Liquidez D+0/D+1 via Tesouro Direto (venda a qualquer dia útil).
- Rentabilidade acompanha a Selic do período, com oscilação de preço diária (pequena) até o vencimento.
Rentabilidade: o que realmente importa
- Poupança: tem regra que pode limitar a rentabilidade, especialmente quando a Selic está mais baixa.
- Tesouro Selic: tende a replicar a Selic do período, cobrindo oscilações de curto prazo quando você mantém o título.
Ideia-chave: no horizonte de meses/anos, o Tesouro Selic costuma render mais que a poupança, mantendo liquidez e segurança. Já no curtíssimo prazo (dias), a diferença pode ser pequena — e tudo bem.
Custos, impostos e tarifas
- Poupança: isenta de IR para pessoa física; sem taxas.
- Tesouro Selic:
- IR regressivo (quanto mais tempo investido, menor a alíquota).
- Taxas: hoje muitos agentes cobram taxa zero no Tesouro Direto; verifique na sua corretora.
Mesmo com IR, o Tesouro Selic frequentemente supera a poupança no líquido ao longo do tempo.
Liquidez e acesso ao dinheiro
- Poupança: saque instantâneo 24/7.
- Tesouro Selic: resgate em dia útil (D+0/D+1). Para emergências fora do horário bancário, ter uma parcela em conta remunerada pode ser útil.
Risco e segurança
- Poupança: coberta pelo FGC até o limite por CPF/instituição.
- Tesouro Selic: risco soberano (governo federal) e marcação a mercado: se resgatar antes do vencimento, pode haver pequenas variações no valor — que se diluem ao manter o título.
Quando usar cada um
Poupança — faz sentido quando:
- Você precisa de saque imediato em qualquer hora/dia, sem depender de dia útil.
- Valores muito pequenos e iniciais, quando praticidade absoluta supera centavos de diferença.
Tesouro Selic — melhor para:
- Fundo de emergência (3–6 meses) com resgates planejáveis em dias úteis.
- Metas de curto e médio prazo que exigem previsibilidade e rendimento mais competitivo.
- Quem quer rotina de aportes automática (Pix agendado) e previsível.
Exemplo didático (ilustrativo)
Meta: guardar R$ 10.000 por 12 meses.
Cenário: aportes mensais de R$ 800.
- Na poupança: rentabilidade menor, saldo final tende a ser inferior.
- No Tesouro Selic: ao replicar a Selic do período, o saldo final tende a ser maior no líquido, mesmo com IR regressivo.
- Moral da história: a diferença acumula com o tempo — e impacta sua reserva.
Passo a passo para decidir hoje
- Defina o objetivo: emergência (D+0 total?) ou metas planejadas?
- Escolha a liquidez: precisa de acesso 24/7? Considere manter parte na conta e maioria no Tesouro.
- Compare custos: sua corretora cobra taxa no Tesouro? (prefira taxa zero).
- Automatize: agende o Pix no dia do salário.
- Revise a cada 90 dias: ajuste aportes e verifique se o plano ainda atende às suas necessidades.
Estratégia “2 baldes” para quem está começando
- Balde 1 (Acesso imediato): 1–2 semanas de gastos em conta remunerada/poupança.
- Balde 2 (Reserva forte): 3–6 meses em Tesouro Selic.
Assim você equilibra rapidez no saque e melhor rendimento no grosso da reserva.
Erros comuns (e como evitar)
- Usar poupança como investimento principal de longo prazo → tende a render menos.
- Resgatar Tesouro Selic no pânico por variação diária → mantenha até a meta/vencimento.
- Ignorar IR e taxas → faça contas no líquido.
- Não automatizar aportes → consistência é mais importante que escolher “o melhor dia”.
Perguntas rápidas
- Tesouro Selic perde dinheiro? Em dias isolados, pode oscilar; mantendo o título, tende a acompanhar a Selic do período.
- Vale ter os dois? Sim. Uma pequena parte para acesso instantâneo e o restante no Tesouro é uma boa combinação.
- Começo com quanto? O quanto couber todo mês. Constância > valor do primeiro aporte.
Conclusão
Para a maioria das pessoas, o Tesouro Selic é a base ideal da reserva: seguro, simples e competitivo. A poupança ainda pode ter um papel tático de acesso imediato, mas dificilmente vence no longo prazo. Foque na estratégia 2 baldes, automatize aportes e trate sua reserva como um ativo de segurança, não de adivinhação de taxas.
