O Tesouro Direto é um dos investimentos mais seguros do Brasil, mas não é isento de riscos — sobretudo se você vender antes do vencimento ou escolher o título errado para o seu objetivo. Neste guia premium e direto, você entende quais são os riscos reais, como reduzi-los ao mínimo e tirar o melhor de Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado na prática.
Os principais riscos (e como administrar cada um)
1) Marcação a mercado (oscilação de preço)
Quando os juros sobem, o preço de títulos prefixados e IPCA+ cai (e vice-versa). Se você vender antes do vencimento, pode ter perda temporária.
- Como reduzir:
- Case prazo com objetivo (leve até o vencimento).
- Use Tesouro Selic para reserva/curto prazo.
- Para metas de 3–10 anos, prefira IPCA+ com vencimento compatível.
2) Risco de taxa (duration)
Quanto mais longo o vencimento, maior a sensibilidade a mudanças de juros.
- Como reduzir:
- Evite IPCA+/Prefixado muito longos se você pode precisar vender.
- Crie uma escada de vencimentos (vários prazos) para suavizar a volatilidade.
3) Risco de liquidez (precisar do dinheiro “agora”)
O Tesouro recompra diariamente (D+1), mas o preço do dia pode não ser favorável em cenários de estresse.
- Como reduzir:
- Mantenha 1–2 meses em D+0 (CDB diário/conta remunerada).
- Deixe o restante da reserva em Tesouro Selic (D+1).
4) Risco de inflação (perda de poder de compra)
Prefixados e Selic não garantem preservação real do poder de compra. Se a inflação dispara, seu ganho real pode murchar.
- Como reduzir:
- Para objetivos médios/longos, use Tesouro IPCA+ (IPCA + taxa real).
5) Risco de reinvestimento (cupons e vencimentos)
Se você recebe cupons ou tem títulos vencendo em momento de juros baixos, pode reinvestir a taxas piores.
- Como reduzir:
- Prefira IPCA+ sem cupom para metas longas.
- Escalone vencimentos para não concentrar reinvestimentos num único ciclo.
6) Risco operacional e de plataforma
Falhas de acesso, cadastros, erros de TED/PIX, phishing.
- Como reduzir:
- Habilite 2FA, use corretoras confiáveis, evite links suspeitos, e guarde comprovantes.
7) Risco de crédito soberano
Baixíssimo, pois o emissor é o Governo Federal. Ainda assim, diversificação é sempre saudável.
- Como reduzir:
- Não concentre 100% do patrimônio em um único tipo de título ou indexador.
Qual título para cada objetivo (sem erro)
ObjetivoTítulo recomendadoPor quêReserva/caixaTesouro SelicBaixa oscilação e D+1Metas de 3–7 anosTesouro IPCA+ (vencimento compatível)Protege poder de compraAposta em queda de jurosTesouro PrefixadoTrava taxa hoje e captura valorização se juros cairemAposentadoria/LPIPCA+ longo (com cuidado com a duration)Renda real no vencimento
Regra de ouro: nunca use IPCA+/Prefixado para reserva. Esses títulos podem oscilar no curto prazo.
Estratégias que blindam sua experiência
A) Escada de vencimentos
Compre títulos com vários prazos (2, 4, 6, 8 anos…). Você reduz risco de vender no pior dia e espalha reinvestimentos.
B) Barbell (halteres)
Metade em Selic (liquidez/estabilidade) + metade em IPCA+/Prefixado (taxa real/ganho potencial). Ajuste os pesos conforme o ciclo de juros.
C) Aporte automático + rebalanceamento
Aporte todo mês e rebalanceie 1–2× ao ano. Você compra mais quando o preço cai (disciplinando o emocional).
Cenários práticos (rápidos e didáticos)
- Cenário 1 — Juros sobem forte após sua compra
- Seu IPCA+ cai no preço. Se não precisa vender, mantenha: no vencimento, recebe IPCA + taxa contratada.
- Para novos aportes, aproveite a taxa maior.
- Cenário 2 — Juros caem
- Prefixado/IPCA+ valorizam. Se o objetivo está próximo, você pode realizar parte e migrar para Selic.
- Cenário 3 — Emergência em 48h
- Use D+0 (CDB diário) e, se necessário, complete com Tesouro Selic (D+1).
- Evite vender IPCA+/Prefixado às pressas.
Custos e impostos (sem pegadinhas)
- IR regressivo: 22,5% (até 180 dias) → 20% → 17,5% → 15% (acima de 720 dias).
- IOF: só se resgatar antes de 30 dias.
- Taxas: hoje, a maioria das corretoras não cobra taxa do Tesouro Direto. Confirme na sua.
Checklist do investidor do Tesouro (salve e use)
- Objetivo e prazo definidos para cada título
- Reserva em Selic (D+1) + D+0 no banco
- Evito usar IPCA+/Prefixado para curto prazo
- Escada de vencimentos ou barbell configurados
- Aportes automáticos e rebalanceamento semestral
- Segurança: 2FA, e-mails e links verificados
FAQ rápido
Posso perder dinheiro no Tesouro Direto?
Só se vender antes do vencimento títulos IPCA+/Prefixados em momento desfavorável. Levando até o fim, você recebe a taxa contratada (mais IPCA, quando for o caso).
Tesouro Selic oscila?
Quase nada no dia a dia. É o título certo para reserva e curto prazo.
IPCA+ é sempre melhor?
Para longo prazo, tende a proteger melhor o poder de compra. Para metas curtas, prefira Selic.
Vale trocar um IPCA+ por outro com taxa maior?
Cuidado: ao vender, você cristaliza a marcação a mercado. Compare o custo da troca e se o ganho potencial compensa.
Conclusão
O Tesouro Direto é seguro e poderoso quando você respeita prazo, objetivo e liquidez. Entenda a marcação a mercado, use Selic para reserva, IPCA+ para proteger o longo prazo e prefixado com estratégia. Com escada de vencimentos, aportes automáticos e sangue frio, você reduz riscos e deixa os juros trabalharem a seu favor.