Quer rentabilidade acima dos pós-fixados tradicionais em prazos curtos, mas sem complicar? O Commercial Paper (no Brasil, nota promissória comercial) é um título de renda fixa privada de curto prazo emitido por empresas para financiar capital de giro. Neste guia premium, você aprende o que é, como rende, quem pode investir, riscos e quando faz sentido na carteira.
O que é Commercial Paper (nota promissória comercial)
- Emissor: empresas (companhias abertas ou de maior porte).
- Objetivo: captar capital de giro por um período curto.
- Prazo típico: de 30 a 360 dias (podendo ir além, conforme a estrutura).
- Forma de colocação: ofertas públicas ou com esforços restritos (ex.: CVM 476), normalmente destinadas a investidores qualificados/profissionais.
- Acesso do varejo: via fundos de crédito (multimercados/CRIs/CRAs/Crédito Privado) que compram a emissão; algumas plataformas oferecem lotes diretos apenas a qualificados.
Como rende (indexadores e precificação)
- Pós-fixado ao CDI: ex.: CDI + spread (o mais comum).
- Prefixado: taxa fixa para todo o período.
- Híbrido (mais raro): IPCA + juros.
- A taxa reflete risco de crédito, prazo e condições de mercado. Por não ter FGC e ter liquidez menor, costuma pagar prêmio sobre CDBs de grandes bancos.
Tributação, custos e liquidez
- Imposto de Renda: tabela regressiva sobre os juros (22,5% até 180 dias → 15% acima de 720 dias).
- IOF: só se resgatar antes de 30 dias.
- Custos: podem existir taxas de distribuição/estruturação embutidas; em fundos, observe a taxa de administração/performance.
- Liquidez: baixa no mercado secundário; normalmente você carrega até o vencimento. Planeje o prazo.
Riscos (e como mitigar)
- Crédito do emissor (inadimplência/reestruturação)
- Mitigue: diversifique emissores e setores; avalie rating, alavancagem, geração de caixa e covenants.
- Liquidez (pouco mercado secundário)
- Mitigue: não use para reserva de emergência; alinhe vencimento à meta.
- Concentração (exposição grande a um único nome)
- Mitigue: limite por emissor e prefira fundos com carteiras pulverizadas.
- Risco de rolagem (empresa depende de refinanciamento contínuo)
- Mitigue: cheque histórico, alongamento de perfil da dívida e linhas bancárias disponíveis.
Importante: Commercial Paper não tem cobertura do FGC. O risco é 100% da empresa emissora.
Commercial Paper x outros títulos: o que muda
- CDB/LC (bancos): podem ter FGC; CP não tem. CP costuma pagar prêmio maior pelo risco.
- Debêntures: prazos mais longos e escritura com garantias/covenants detalhados; há debêntures incentivadas isentas de IR (CP não é isento).
- CRI/CRA: têm lastro em recebíveis imobiliários/agrícolas; CP é dívida corporativa direta e geralmente mais curta.
Quem pode investir (e como acessar)
- Diretamente na oferta: em geral, investidores qualificados/profissionais (conforme a regulamentação da oferta).
- Indiretamente (varejo): via fundos de crédito privado/multimercados que compram CP na carteira, diluindo risco e oferecendo gestão ativa e diversificação.
Quando faz sentido usar Commercial Paper
- Metas entre 6 e 18 meses, buscando rendimento acima do CDI com risco de crédito moderado a elevado (dependendo do emissor).
- Diversificação de renda fixa privada, reduzindo dependência apenas de bancos.
- Estratégias táticas quando spreads de crédito estão atrativos.
Framework de análise rápida (5 pontos)
- Emissor: setor, posição competitiva, alavancagem/ROIC, histórico.
- Estrutura: garantias (se houver), covenants, subordinação e uso dos recursos.
- Prazo & duration: casa com a sua data-alvo?
- Remuneração: CDI+spread ou prefixado compensa o risco? Compare no líquido.
- Diversificação via fundos: política de crédito, limites por emissor, rating médio, durations e histórico de drawdowns.
Exemplos práticos (didáticos)
- Investidor moderado (indireto): fundo de crédito privado com duration até 1 ano, carteira pulverizada em CP + debêntures curtas + CDBs de bancos médios.
- Investidor qualificado (direto): compra lote de CP CDI + 2,0% a.a. por 180 dias de um emissor com rating brAAA local, dentro de um limite de 5% do portfólio de renda fixa.
Erros comuns (e como evitar)
- Confundir com CDB “de curto prazo” e ignorar que não há FGC.
- Seguir só a taxa sem olhar emissor e covenants.
- Concentrar em um único nome por causa de “oportunidade” de taxa.
- Usar para emergência: não — liquidez é limitada.
Checklist de 60 segundos
- O vencimento coincide com minha meta?
- Avaliei emissor (rating, caixa, alavancagem) e covenants?
- Comparei retorno líquido vs CDB/debênture de risco similar?
- Sei que não há FGC e aceitei esse risco?
- Estou diversificando (direto ou via fundos)?
Conclusão
O Commercial Paper pode turbinar o retorno da sua renda fixa de curto prazo, desde que você respeite o risco de crédito e a baixa liquidez. Para a maioria dos investidores, acessar via fundos de crédito é a forma mais inteligente: diversificação, análise profissional e controles de risco. Defina prazo, compare no líquido e use com parcimônia — assim, o prêmio vira resultado consistente, não dor de cabeça.