O empréstimo consignado costuma ter juros menores que o crédito pessoal e cartão, porque a parcela é descontada direto da folha. Mas “mais barato” não significa “certo para você”. Neste guia, você aprende quando faz sentido, como comparar propostas, riscos ocultos e um checklist para assinar sem cair em armadilhas.
Consignado em 1 minuto
- Desconto na fonte: a parcela sai do salário/benefício antes de cair na conta.
- Taxa menor: risco menor para o banco → juros mais baixos que pessoal/rotativo.
- Público elegível: normalmente INSS, servidores, forças, CLT de empresas conveniadas.
- Margem consignável: limite de % da renda que pode ser comprometida (varia por categoria).
- Portabilidade: você pode migrar para outra instituição com CET menor.
Quando o consignado faz sentido (e quando evitar)
Faz sentido se…
- Vai quitar dívidas caras (cartão/cheque especial) e encerrar o uso do crédito caro.
- Precisa de prazo maior com parcela previsível e consegue caber no orçamento.
- Tem direito a boas taxas (INSS/servidor) e mantém margem de segurança.
Evite se…
- Vai usar para consumo sem plano (risco de virar bola de neve).
- Já está com margem alta comprometida (pouca flexibilidade para imprevistos).
- Recebe ofertas agressivas por telefone/WhatsApp sem ter solicitado (sinal de golpe).
Como comparar propostas (o que realmente importa)
1) CET manda no jogo
Peça sempre o CET (Custo Efetivo Total): inclui juros, IOF, seguros, tarifas. Compare CET a.m./a.a. entre bancos.
2) Prazo x parcela x total pago
- Prazo maior = parcela menor mas juros totais maiores.
- Simule 2–3 prazos e veja o valor total ao final.
3) Seguros e “serviços agregados”
- Muitos são opcionais. Se não quiser, recuse — eles elevam o CET.
4) Portabilidade
- Já tem consignado? Compare CETs. Se o novo for menor, migre sem aumentar prazo além do necessário.
Exemplo rápido (números ilustrativos)
- Dívida no cartão: R$ 6.000 a 12% a.m.
- Consignado: R$ 6.000 a 1,9% a.m., 24x → parcela ~R$ 370; total ~R$ 8.880
- Pessoal a 5% a.m., 24x → total ~R$ 12.320
Leitura: trocar rotativo caro por consignado reduz o custo total — desde que você cancele o uso que gerou a dívida.
Margem consignável (proteção do seu orçamento)
- Defina sua Taxa de Riqueza (TR) e seus Essenciais antes de contratar.
- Regra prática: não ultrapassar 20–25% da renda líquida com consignado (mesmo que a lei permita mais).
- Simule demissão/queda de renda (CLT): há risco de perder a condição? Tenha reserva.
Golpes e cuidados (como se blindar)
- Ofertas não solicitadas: desconfie de ligações pedindo selfie, SMS, token.
- Refin luminosa (“sobra dinheiro”): é refinanciamento; pode alongar prazo e aumentar total pago.
- Venda casada de seguro/consórcio: é ilegal. Exija proposta sem agregados.
- Contrato em branco ou sem CET: não assine.
- Portabilidade fake: confirme com o banco de origem se houve pedido oficial.
Consignado do INSS (pontos-chave)
- Em geral, taxas menores e regras de margem específicas.
- Cartão consignado (saque/compra com desconto mínimo automático) tende a confundir orçamento — prefira empréstimo com parcela fixa.
- Verifique taxa, CET e número de parcelas direto no extrato do benefício e no app oficial.
Estratégia vencedora (se for contratar)
- Objetivo único: quitar dívida cara ou financiar algo produtivo (cirurgia necessária, curso que aumenta renda).
- Prazo mínimo que caiba no bolso (revise total pago).
- Portabilidade planejada: se as taxas caírem, migre para CET menor.
- Trava comportamental: cancele o cartão/limite que originou a dívida; use lista 72h para compras grandes.
Roteiro de decisão (15 minutos)
- Min 0–3: calcule sua margem (quanto cabe sem ultrapassar 20–25%).
- Min 3–7: peça 3 propostas com CET e total pago.
- Min 7–10: recuse seguros/serviços indesejados; re-solicite a planilha de CET.
- Min 10–12: simule prazo menor; veja economia no total.
- Min 12–15: decida e anexe tudo ao seu controle financeiro.
Plano de saída da dívida (se este é o seu caso)
- Consolide cartão/cheque no consignado mais barato.
- Feche o canal que gerou a dívida (rotativo bloqueado).
- Aporte automático (D+1): reserve parte da renda para quitar antecipado algumas parcelas no futuro (faça amortizações quando possível).
- Educação financeira: adote Fundo de Previsíveis e envelope semanal para lazer — evita recaídas.
FAQ rápido
Posso quitar antecipado?
Sim, e deve quando sobrar. Peça abatimento proporcional de juros nas parcelas.
Consignado aumenta meu score?
Pagar em dia evita problemas. Mas o consignado não é ferramenta de score — organize o orçamento.
Sou CLT: se for demitido?
Cheque as cláusulas: o banco pode recalcular cobrança. Tenha reserva e seguro-desemprego no radar.
Checklist (printável)
- Três propostas com CET (a.m./a.a.)
- Total pago comparado em prazos iguais
- Sem venda casada (seguros/serviços opcionais recusados)
- Parcela ≤ 25% da renda líquida
- Objetivo claro (quitar dívida cara / necessidade real)
- Plano de portabilidade se taxa cair
- Bloqueio do rotativo e regras de gasto implementadas
Conclusão
O consignado pode ser o menor custo entre os créditos — e uma boa ponte para sair do vermelho. Mas só funciona com objetivo claro, prazo responsável e disciplina para não recriar a dívida. Compare pelo CET, proteja sua margem e use a operação a seu favor — não ao contrário.