Letra de Câmbio (LC): o que é, como rende e quando usar

A Letra de Câmbio (LC) costuma aparecer ao lado de CDBs nas prateleiras de renda fixa — muitas vezes com taxas atraentes. Mas o que, de fato, é a LC? Quem emite, qual o risco, se tem FGC, como ela rende e quando vale a pena? Neste guia premium e direto, você encontra tudo o que precisa para decidir com segurança.

O que é Letra de Câmbio (LC)

A LC é um título de renda fixa emitido, em geral, por financeiras (sociedades de crédito, financiamento e investimento). Na prática, você empresta dinheiro à instituição emissora e recebe juros em troca, por um prazo combinado.

Pontos-chave:

• Emissor: financeiras (não bancos comerciais).
• Finalidade: captação de recursos para operações de crédito.
• Rendimento: pode ser pós-fixado (CDI), prefixado ou atrelado à inflação (IPCA + juros).
• Prazos: costumam ter carência; há LCs de curto, médio e longo prazo.

LC tem FGC?

Sim. Letras de Câmbio são elegíveis à cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), respeitando os limites vigentes:

• R$ 250 mil por CPF/CNPJ por instituição financeira (inclui principal + juros).
• Teto global de R$ 1 milhão por CPF/CNPJ, a cada 4 anos (ciclo móvel).

Dica premium: para maximizar proteção, divida valores entre instituições diferentes, mantendo-se abaixo de R$ 250 mil por emissor e atento ao limite global.

Como a LC rende (e como comparar)

• Pós-fixada (CDI): expressa como % do CDI (ex.: 110% do CDI).
• Prefixada: taxa fixa (ex.: 12,5% a.a.).
• IPCA+: inflação + juro real (ex.: IPCA + 6% a.a.).

Comparação correta: traga tudo para o retorno líquido (após IR) e considere o prazo. Para objetivos longos e defesa do poder de compra, IPCA+ tende a ser mais adequado; para metas datadas e cenário de queda de juros, prefixados podem brilhar; para liquidez previsível e simplicidade, pós-fixados ao CDI.

Tributação e custos

• Imposto de Renda regressivo sobre os juros (mesma regra do CDB):
• até 180 dias: 22,5% | 181–360: 20% | 361–720: 17,5% | acima de 720: 15%
• IOF: apenas se resgatar em até 30 dias.
• Taxas: em geral sem corretagem, mas confira eventuais custos da instituição/plataforma.

Liquidez e marcação a mercado

A maioria das LCs tem carência até o vencimento; algumas oferecem liquidez programada. Se houver mercado secundário, o preço pode oscilar (marcação a mercado), principalmente em prefixados e IPCA+ longos.

Regra de ouro: não use LC com carência para reserva de emergência.

LC x CDB x LCI/LCA: o que muda

• LC x CDB: ambos podem ter FGC e rendimentos similares. Diferença principal é o emissor (financeira x banco). A LC, às vezes, paga prêmio extra para compensar o emissor menor.
• LC x LCI/LCA: LC é tributada (IR regressivo); LCI/LCA são isentas de IR para pessoa física, mas podem oferecer taxa bruta menor ou carências mais longas.

Riscos e como reduzir

1. Crédito do emissor (calote): diversifique instituições e setores; respeite os limites do FGC.
2. Liquidez/carência: alinhe vencimento ao prazo da meta; prefira LC com janelas de saída se precisar flexibilidade.
3. Juros (marcação a mercado): evite vender antes do vencimento, sobretudo em prazos longos.
4. Concentração: não concentre tudo em um único emissor, mesmo com FGC.

Quando a LC faz sentido (exemplos práticos)

• Meta em 12–36 meses: LC pós-fixada ao CDI ou prefixada curta com taxa competitiva.
• Busca de taxa acima de CDBs de grandes bancos: LCs de financeiras sólidas podem pagar um spread extra.
• Planejamento de caixa (pessoa física ou PJ): montar escada de vencimentos (ladder) para previsibilidade.

Como investir (passo a passo)

1. Defina o objetivo e o prazo (mês/ano do resgate).
2. Compare emissor e taxa: verifique rating, histórico e condições de FGC.
3. Escolha o indexador (CDI, prefixado, IPCA+) coerente com a meta.
4. Cheque a liquidez/carência: há resgate antecipado? existe mercado secundário?
5. Invista e acompanhe: programe aportes automáticos e rebalanceie semestralmente.

Checklist de 60 segundos

• O vencimento casa com minha meta?
• O emissor é sólido e a LC é coberta pelo FGC?
• Comparei retorno líquido (após IR) com CDB/LCI/LCA?
• Entendi liquidez/carência e riscos de marcação?
• Estou diversificando emissores e prazos?

Conclusão

A Letra de Câmbio é uma alternativa eficiente para turbinar a renda fixa com simplicidade, sobretudo quando oferece prêmio sobre CDBs de grandes bancos e cobertura do FGC. Use-a para metas de curto e médio prazo, sempre casando vencimento com objetivo, comparando no líquido e respeitando liquidez. Disciplina e diversificação transformam a boa taxa em resultado consistente.