Renda fixa é a base da sua estratégia — mas título público e título privado não jogam o mesmo papel. Um oferece segurança e liquidez; o outro, prêmio mediante risco de crédito e liquidez. Este guia premium, direto e prático, mostra o que é cada um, diferenças essenciais, quando usar e como combinar para acelerar metas sem perder o sono.
O que são títulos públicos
Emitidos pelo Governo Federal (Tesouro Direto) para financiar a dívida pública.
Principais famílias:
- Tesouro Selic (pós-fixado): acompanha a Selic. Reserva de emergência e caixa.
- Tesouro IPCA+ (híbrido): IPCA + juro real. Protege poder de compra em prazos médios/longos.
- Tesouro Prefixado: taxa fixa nominal. Metas datadas quando você espera queda de juros.
Por que servem de “espinha dorsal”? Menor risco de crédito local, transparência e recompra diária em dias úteis.
O que são títulos privados
Emitidos por bancos e empresas para captar recursos.
Principais categorias:
- CDB/LC/LCI/LCA/LF (bancos): podem ter FGC (até o limite vigente).
- Debêntures (empresas): comum (tributada) e incentivada (isenta de IR para PF).
- CRI/CRA (securitizadoras): recebíveis imobiliários/agrícolas, normalmente isentos de IR para PF.
Por que pagam mais? Prêmio de crédito (risco do emissor) e, em alguns casos, menor liquidez.
Públicos x Privados: 8 diferenças que importam
- Emissor
- — Público: Governo Federal | Privado: banco/empresa/securitizadora.
- Risco de crédito
- — Público: soberano (mais baixo local) | Privado: varia por emissor e setor.
- Garantias
- — Tesouro: risco do governo | Privados: FGC para CDB/LCI/LCA elegíveis; sem FGC para debêntures/CRI/CRA (dependem de garantias/covenants).
- Indexadores
- — Ambos podem ser pós (Selic/CDI), prefixados e IPCA+. Privados costumam pagar prêmio adicional.
- Liquidez
- — Tesouro: recompra diária | Privados: podem ter carência/mercado secundário ralo.
- Tributação
- — Regra geral: IR regressivo; isenções em LCI/LCA, CRI/CRA e debêntures incentivadas.
- Marcação a mercado
- — Existe em ambos ao vender antes do vencimento; impacto maior em prazos longos e prefixados/IPCA+.
- Acesso e ticket
- — Tesouro: valores baixos e simples | Privados: alguns exigem tickets mínimos maiores.
Quando usar cada um (regra de bolso)
- Liquidez e colchão de segurança → Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária.
- Proteção do poder de compra (metas 5–15+ anos) → Tesouro IPCA+ como núcleo.
- Travamento de taxa nominal (metas datadas) → Tesouro Prefixado ou CDB/LC prefixados alinhados à data.
- Prêmio adicional com análise → Debêntures/CRI/CRA/LCI/LCA (atenção a crédito e liquidez).
Como comparar no jeito certo (passo a passo)
- Objetivo e prazo: data e valor em “dinheiro de hoje”.
- Indexador: Selic/CDI (liquidez), IPCA+ (poder de compra), Prefixado (aposta de juros).
- Crédito: emissor, rating, covenants, garantias, FGC (quando houver).
- Liquidez: há carência? qual registradora? existe secundário?
- Custo e impostos: IR/IOF, taxa de custódia/adm, isenções (incentivados/LCI/LCA).
- Casamento de vencimento: vencer perto da meta evita vender no pior dia.
Exemplos de carteira por objetivos
Conservador (simplicidade e liquidez)
- 0–2 anos: 100% Tesouro Selic/CDB liquidez diária.
- 2–5 anos: 70% pós + 30% prefixado curto.
Moderado (proteção real + prêmio)
- Curto: 80% Selic + 20% CDB liquidez.
- Médio: 60% pós + 30% IPCA+ curto + 10% LCI/LCA.
- Longo: 50% Tesouro IPCA+ + 30% debêntures incentivadas + 20% pós.
Arrojado em renda fixa (diversificação de crédito)
- Médio/Longo: 40% IPCA+ longos + 30% debêntures/CRI/CRA (diversificados) + 30% prefixado.
Dica premium: construa uma escada de vencimentos (ladder) para reduzir risco de timing e ganhar previsibilidade de caixa.
Riscos e como mitigar
- Crédito: diversifique emissores, use limites por instituição, prefira garantias sólidas.
- Juro/marcação: evite vender antes; alinhe prazos.
- Liquidez: não use papel ilíquido para emergência.
- Tributário: compare no líquido; aproveite isenções legais quando fizer sentido.
Checklist final (2 minutos)
- Objetivo, prazo e indexador definidos
- Emissor e garantias avaliados (FGC, covenants)
- Liquidez compatível (sem carência para emergência)
- Comparação no líquido (IR/IOF/taxas)
- Vencimentos casados com as metas
Conclusão
Títulos públicos dão estrutura: segurança, liquidez e simplicidade. Títulos privados adicionam prêmio — desde que você respeite crédito, liquidez e prazo. Combine os dois com método: Selic para colchão, IPCA+ para metas reais e privados bem analisados para turbinar retorno. Resultado? Uma renda fixa mais eficiente, previsível e alinhada ao que você quer conquistar.