“Qual índice usar: IPCA, INPC ou IGP-M?” A resposta depende do que você quer medir: custo de vida geral, impacto em famílias de menor renda ou reajuste de contratos. Neste guia claro e premium, você vai entender o que mede cada índice, como eles são calculados, por que divergem e como usar no seu planejamento financeiro.
Por que existem diferentes índices de inflação
Inflação é a variação média de preços de uma cesta de bens e serviços. Como cestas e métodos mudam, os índices capturam realidades distintas. Resultado: em um mesmo ano, IPCA, INPC e IGP-M podem contar histórias diferentes — e isso afeta salários, aluguéis e investimentos.
1) IPCA — o termômetro “oficial” do custo de vida
- Quem calcula: IBGE.
- Público-alvo: famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos nas principais regiões metropolitanas.
- Cesta: ampla (alimentação, habitação, transporte, saúde, educação etc.).
- Uso típico: meta de inflação do Banco Central, contratos em geral, referência de poder de compra.
- Leitura prática: é o índice mais usado para planejar metas e investimentos de longo prazo, como o Tesouro IPCA+.
2) INPC — a lupa nas famílias de menor renda
- Quem calcula: IBGE.
- Público-alvo: famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos.
- Cesta: semelhante ao IPCA, mas com pesos diferentes (maior peso para itens essenciais).
- Uso típico: reajustes salariais e negociações trabalhistas.
- Leitura prática: quando alimentos e básicos sobem mais, o INPC tende a superar o IPCA; é útil para avaliar o impacto no orçamento popular.
3) IGP-M — o índice “dos contratos e aluguéis”
- Quem calcula: FGV IBRE.
- Composição: média ponderada de IPA (atacado), IPC (consumidor) e INCC (construção).
- Janela de coleta: normalmente do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência.
- Uso típico: reajuste de aluguéis, contratos de serviços e alguns insumos.
- Leitura prática: por ter forte peso do atacado, é mais volátil — pode subir (ou cair) mais que IPCA/INPC em certos ciclos.
Por que os índices divergem? 4 razões
- Público e pesos diferentes (INPC sente mais “básicos”).
- Cobertura setorial (IGP-M carrega atacado e construção).
- Janela de coleta (timing distinto captura choques em momentos diferentes).
- Itens específicos (energia, combustíveis, alimentos e passagens aéreas pesam de jeitos variados).
Como cada índice afeta sua vida financeira
- Salários e benefícios: negociações costumam olhar INPC.
- Aluguéis e contratos: muitos usam IGP-M; alguns migraram para IPCA pela volatilidade.
- Investimentos: títulos indexados ao IPCA preservam poder de compra no longo prazo; fundos e planos podem usar diversos indexadores.
Dica premium: alinhe índice de reajuste ao tipo de custo/receita. Moradia? IPCA costuma refletir melhor o consumidor final; contrato B2B? IGP-M pode capturar insumos.
Qual índice usar no planejamento (framework simples)
- Planejamento pessoal/ metas longas: IPCA como referência de inflação alvo.
- Orçamento de famílias com renda menor: monitore INPC para sensibilidade a itens básicos.
- Gestão de contratos/aluguéis: avalie IGP-M x IPCA considerando volatilidade e negociação.
- Investimentos reais: prefira instrumentos com juro real (ex.: IPCA+), casando vencimento ao prazo da meta.
Exemplos rápidos
- Aposentadoria em 20 anos: projetar despesas a IPCA e investir parte em Tesouro IPCA+.
- Reajuste de aluguel anual: negociar IPCA ou IGP-M conforme histórico de volatilidade e poder de pagamento do inquilino.
- Empresa com insumos dolarizados: acompanhar IGP-M (sensível a atacado e câmbio) para repasses.
Erros comuns (e como evitar)
- Usar “o índice da moda” sem olhar volatilidade e aderência ao seu caso.
- Comparar rentabilidades nominais com índices diferentes (traga tudo para IPCA/INPC para ver o real).
- Ignorar a janela de coleta ao confrontar números do mês.
- Reajustar contrato por um índice que a parte não consegue pagar, gerando inadimplência e rotatividade.
Checklist em 60 segundos
- Qual objetivo estou protegendo (pessoal, salário, contrato)?
- Que índice representa melhor esse objetivo (IPCA, INPC, IGP-M)?
- Sei a volatilidade e os pesos do índice escolhido?
- Em investimentos, estou mirando juro real (acima do IPCA)?
- O vencimento do título casa com a data da minha meta?
Conclusão
Não existe “índice perfeito”; existe o índice certo para cada decisão. Use IPCA como régua padrão do custo de vida, INPC para sensibilidade de famílias de menor renda e IGP-M para contratos que dependem de atacado/insumos. Com esse mapa simples, você negocia melhor, planeja com realismo e protege o que importa: seu poder de compra.